Em 2008, a Equipav figurou como a maior geradora de energia elétrica obtida de biomassa no País
Em 1980, entrou em funcionamento no pequeno município de Promissão, no interior paulista, a destilaria autônoma Equipav ofertando ao mercado o álcool combustível. Em 1993, começou a produzir açúcar cristal e, em 2001, com a crise energética que atingiu o Brasil (o apagão), a Usina Equipav transformou a ameaça em oportunidade passando a investir na cogeração de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar.
A estratégia de investir em bioenergia deu tão certo que, em 2006, a empresa iniciou a segunda fase de cogeração adquirindo novos geradores de alta potência. Em 2008, a Equipav figurou como a maior geradora de energia elétrica obtida de biomassa no País, segundo estimativas da União da Indústria de cana-de-açúcar. Com energia suficiente para abastecer uma cidade de mais de dois milhões de habitantes.
Embalados pelos bons resultados obtidos com a bioeletricidade e pela febre da expansão canavieira, ocorrida nos primeiros anos do século XXI, os gestores da Equipav investiram no aumento de capacidade de moagem da unidade, que saiu de menos de 2 milhões de toneladas de cana para 6 milhões. A tecnologia empregada era de ponta, a Equipav ficou redondinha, projeto arrojado, planta compacta, uma beleza de se ver.
Mas o grupo queria mais, construiu sua segunda unidade - a Biopav, instalada no município de Brejo Alegre, cerca de 70 km de distância de Promissão, que iniciou sua produção em outubro de 2008. E tinha planos para erguer duas novas usinas - uma em Goiás e outra no Mato Grosso do Sul.
A crise do setor, iniciada em 2007 e agravada com a crise mundial financeira de 2008, transformaram o sonho de expansão em pesadelo. As dívidas acumuladas e os preços dos produtos da cana desvalorizados, obrigaram a Equipav a pedir socorro, em 2009, os gestores saíram à procura de parceiros. Os ativos da Equipav estavam entre os mais cobiçados por grandes grupos multinacionais, uma vez que suas unidades eram consideradas entre as mais eficientes da nova safra de projetos sucroenergéticos. As duas usinas contam com instalações integradas de cogeração de energia a partir da biomassa de 203 megawatts (MW) e capacidade de moagem de cana de 10,5 milhões de toneladas por ano.
Em 2010, as duas unidades - Equipav e Biopav - foram adquiridas pelo grupo indiano Shree Renuka, um dos maiores produtores de açúcar da Índia. Os novos investidores pretendiam elevar a moagem para 12 milhões de toneladas e geração de energia para 295 MW. No entanto, a situação era mais grave do que os indianos calculavam e ao invés de ampliação, a luta foi para se manter em pé.
Em setembro de 2015, o grupo sucroenergético Renuka do Brasil, que além das duas unidades no interior paulista, conta com mais duas no Paraná - entrou em recuperação judicial. E, agora, para amortizar as dívidas vai leiloar a unidade Madhu (a ex-Equipav), a maior usina do grupo.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Renuka, um possível comprador pode adquirir a usina sem o risco de assumir débitos fiscais e trabalhistas, uma vez que se trata de uma Unidade Produtora Isolada (UPI).
O leilão acontece no site da empresa Mega Leilões com encerramento previsto para o dia 19/12 às 15:00 horas. O lance mínimo é de R$ 700.000.000,00.
Os interessados devem assinar um contrato de confidencialidade além de comprovar capacidade financeira para ter acesso a informações detalhadas do negócio.
Caso não seja concretizada a venda neste leilão, uma segunda tentativa será feita no dia 23 de janeiro.
Veja mais informações na revista digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, baixe GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS.